As pessoas se sentem tão sobrecarregadas às vezes ao falar em público que nem mesmo sabem o que estão a sentir. Sabem apenas que são “atacadas” por todos os sentimentos e emoções.
Você se encaixa em qual grupo de pessoas?
- Embora se sinta à vontade em reuniões com pessoas mais íntimas, toda vez que você precisa fazer uma apresentação para grupos com mais de meia dúzia de pessoas e desconhecidas você fica pouco à vontade e nervoso (a)?
- Se você souber da apresentação com vários dias de antecedência, começa a imaginar o que poderia sair errado?
- Ao se comunicar, você administra bem os sentimentos em situações de ansiedade, e em outras situações perde o controle, por exemplo, nos “brancos”?
- Ou você é uma pessoa com poucos conflitos internos quanto a falar em público, e apenas percebe em si uma necessidade de melhorar a sua comunicação e deduz que o teatro poderá lhe ajudar?
Pulsação acelerada, coração aos saltos, sudorese intensa são algumas das muitas reações corporais que alguém experimenta quando tem de falar em público. Há quem sinta tudo isso até mesmo ao se imaginar na situação. Mas a reação mais frequente é aquele desagradável frio no estomago. Na verdade, este sintoma clássico é uma síntese dos demais, uma soma de ansiedade, preocupação, medo antecipado e até fantasias com terríveis situações de embaraço e fracasso. Esse sintoma não pode nem deve ser ignorado ou subestimado. Tem de ser tratado, e o remédio é mais simples do que possa parecer, embora requeira disciplina: trata-se de trabalhar positivamente a ideia de se expor, como algo que faz parte da vida e, caso não haja uma inclinação natural para isto, se vá aos poucos construindo as condições para superar essa limitação.
Em vez de se sentir sobrecarregado, recue por um segundo e pergunte a si mesmo: “O que estou realmente sentindo neste momento?” “Estou mesmo sentindo medo, ou é outra coisa?” Talvez o que sinta de fato seja desconforto. E, em seguida, procure compreender que desconforto é mais fácil de ser administrado do que o medo.
Sintomas do medo:
- A ansiedade anuncia o medo.
- Busca de desculpas para solucionar o problema.
- Preocupação com a opinião alheia.
- Sente-se incapaz de enfrentar a situação.
- Aceita a dificuldade e não tenta mudá-la.
- Procura distrair a mente para mascarar a ansiedade.
- Adia projetos.
Saiba que até mesmo os grandes palestrantes costumam sentir sensações desagradáveis quando se preparam para falar em publico. Muitos ficam nervosos, ansiosos, com frio na barriga. A diferença é que não se deixam vencer por isso, aprendem a lidar com as emoções mais difíceis, superando-as a cada passo.
Se desejar que sua oratória realmente se desenvolva, deve fazer com que as emoções trabalhem por você. Não pode escapar delas; não pode desligá-las; não pode banalizá-las, ou se iludir sobre seu significado. Também não pode permitir que elas controlem sua vida. As emoções, mesmo aquelas que parecem dolorosas em curto prazo, são na verdade como uma bússola interna, que o aponta na direção das ações que deve efetuar para alcançar seus objetivos com a oratória. Sem saber como usar essa bússola, você ficará para sempre à mercê de qualquer tempestade psíquica que soprar numa apresentação sua. As emoções, qualquer que seja, são sinais de ação, isto é, aprenda a identificar a emoção que esta vivenciando, não resista a ela. Qualquer coisa a que você resiste, tende a persistir. Procure dominar a emoção. Deve ter ocorrido algum momento na vida que você soube administrar alguma emoção difícil, lembre-se destes momentos ao invés de momentos em que você não se saiu bem. E entre em ação improvisando um novo momento em sua oratória. Para isso, então, defina o que deseja ao falar em público e aprimore suas ações. As emoções do desconforto ao argumentar em público não possuem uma tremenda carga de intensidade, mas nos incomodam e criam a sensação inoportuna de que as coisas não estão muito bem. Talvez a maneira como você perceba as coisas esteja sendo desviada negativamente, ou as ações que efetua não tem produzido os resultados desejados. A solução é usar as habilidades, as suas qualidades já existentes para mudar seu estado de ânimo. Experimente um enfoque diferente sobre seu desconforto e verifique se não consegue imediatamente mudar a maneira como se sente em relação a situação e/ou à qualidade dos resultados.
Como todas as emoções, se não forem administradas, os sentimentos de desconforto se intensificarão. O desconforto é um tanto doloroso, mas a expectativa da possível dor emocional é muito mais intensa do que o desconforto que pode sentir no momento da sua apresentação. Precisamos lembrar que nossa imaginação pode tornar as coisas dez vezes mais intensas do que tudo o que podemos experimentar na vida real. Há um ditado no xadrez e nas artes marciais: “a ameaça de ataque é maior do que o próprio ataque”. E quando não trabalhamos bem o desconforto, pela repetição dele acabamos por confundi-lo ou o sedimentando internamente como medo.
Tenha sempre em mente que, antes de iniciar qualquer abordagem pública, é preciso saber o que falar. Isso significa que você deve aprender a começar. Capte de inicio a atenção da plateia. Pense nesse impacto inicial a partir de duas questões fundamentais:
- Como você iniciará sua abordagem?
- O que fará logo a seguir?
A sua apresentação deverá ter inicio, meio e fim. Os dois extremos, inicio e o fim, devem merecer atenção especial. São importantes em termos de impacto. O meio deve fluir naturalmente. Não decore sua apresentação, pois isto lhe tirará sua espontaneidade. A plateia reconhece de imediato uma abordagem decorada. E geralmente não gosta. Francamente, aqui, entre nos, você também não aprecia isso, não é mesmo?
O trabalho de preparação demanda paciência e, sobretudo, empenho. Encare-o como um extraordinário caminho de descobertas para dentro de si mesmo. Normalmente as pessoas prestam atenção em tudo e em todos, menos em si mesmas, e isso as leva a construir uma autoimagem muito diferente da real. Por isso o caminho de auto percepção é necessário, principalmente quando realizado com a intenção de garimpar o que você tem de melhor e ainda não veio à tona.
Acredite, haverá gratas surpresas. Tanto do que existe em potencial dentro de você quanto do que é possível aprimorar uma vez que você tenha descoberto.
Evite a tentação de agradar a todos na plateia, é impossível prever tudo o que pretendem escutar, e nem estamos ali para agradá-los desse modo, ali estamos para dar o nosso recado pessoal. Parta de um único principio: você mesmo se avalia, planeja e analisa o que faz.
A inadequação vai embora quando você se sente alegre; não haverá mais espaço para desconforto em sua argumentação. Portanto, pratique a oratória e administre a sua alegria ao falar em público!
Todos nós temos algo a dizer
O que dizemos tem pouca importância quando comparado à forma como dizemos. Argumentar e comunicar é relacionar com o outro por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. Na oratória, como em qualquer outra comunicação, existem recursos bem básicos a praticar:
- Quem diz?
- O que?
- A quem?
- Por qual meio?
- Com que efeitos?
- Com qual finalidade?
- Qual ponto em comum com o ouvinte para que haja conexão com ele?
O teatro como ferramenta
O Teatro da Espontaneidade do psicólogo e dramaturgo Jacob Levy Moreno, a Terapia Cognitivo-Comportamental do psiquiatra Aaron Beck e do psicólogo Albert Ellis e a PNL, criada por Richard Bandler e John Grinder são as bases de fundamentação deste curso livre. O teatro tem potencial terapêutico e pode nos ser uma ferramenta eficaz para regular a ansiedade e, assim, estaremos a exercitar a espontaneidade, o aprimoramento de nossas argumentações e, muito importante, a conexão com os outros. A espontaneidade é a capacidade de a pessoa adaptar-se adequadamente a uma situação nova no aqui-e-agora ou dar novas respostas a uma situação já vivida. Por sua vez, a espontaneidade é o componente essencial da criatividade. A espontaneidade manifesta-se não só através das palavras, mas também em outras expressões, como a atuação, a interação, a dança, o canto, etc. Uma expressão depende da outra para que haja harmonia na oratória. Com a prática nos improvisos, o teatro poderá eficazmente orientar o participante quanto a comunicação verbal e a não verbal (gestos, posturas, expressões faciais) e facilitará criativamente uma melhor condução da inibição, tão recorrente ao se falar em reuniões online e presenciais, seminários estudantis e palestras.
Programação neurolingüística (PNL) é uma abordagem que visa aproximar comunicação, desenvolvimento pessoal e psicoterapia, compreendendo as respostas a estímulos externos e a maneira como expressa uma pessoa verbalmente ou não.
Terapia Cognitivo-Comportamental tem como objetivo principal identificar comportamento, pensamento e hábitos que estão na origem dos problemas, indicando, a partir disso, técnicas para alterar essas percepções de forma positiva.
Psicodrama tem a principal finalidade de facilitar o contato da pessoa com suas próprias emoções, utilizando os recursos da dramatização.
Inteligência Emocional nos ajuda a identificar e lidar com as emoções e sentimentos pessoais e de outros indivíduos. Com o psicólogo Howard Gardner, foi a primeira vez que se procurou entender os próprios sentimentos, motivações e medos, e através do escritor Daniel Goleman é que tivemos, de fato, o desenvolvimento do conceito e de estudos da inteligência emocional.
Tranquilidade para manter uma conversa
Há outras dificuldades descritas por alguns participantes e que também são exercitadas no curso: iniciar, estabelecer, manter e finalizar uma conversa; manter o foco e o interesse no assunto; tolerar silêncios; eleger temas numa reunião e saber discorrer sobre o mesmo; mudar o assunto se necessário. Ser eficiente numa argumentação pública dependerá muito da qualidade da nossa disponibilidade, ou seja, do nosso dinamismo, vigor, entusiasmo, impulso e interesse para lidar com o desconhecido e, também, da determinação para ficar bem mental e fisicamente diante das possíveis surpresas que possam ocorrer durante nossa argumentação… E elas com certeza ocorrerão! Disponibilidade e determinação fundamentam a espontaneidade, já os hábitos enraizados pelas nossas zonas de conforto, pelo contrário, nos neutralizam . A prática e a familiaridade com as técnicas da oratória aumentam nossa capacidade de brincar e improvisar com ela; enfim, de estar espontâneo nela.
Para fortalecer a IDENTIDADE na oratória, o aluno durante as atividades do curso terá chance de avaliar que:
- Ele cometerá erros e poderá recorrer ao humor para resolvê-los.
- Ele é complexo em alguma situação, mas também saberá ser descomplicado em outras.
- Ele contribui com o problema, porém também poderá encontrar a solução para ele.
- Ele saberá lidar com a reação contrária à sua argumentação.
- Ele procurará agradar a si mesmo e não ser presa da avaliação alheia, ainda que a respeite.
Adaptações de Raimundo P. Barbosa de um dos capítulos dos livros: “Desperte seu Gigante interior” de Anthony Robbins e do “Como falar em público” de William Douglas, Rogério Sanches Cunha e Ana Lucia Spina.
Interação é uma forma de influência.
Praticar a interação é essencial para que qualquer comunicação significativa ocorra. Você precisa de interação para conduzir uma conversa produtiva, uma entrevista informativa, uma reunião eficiente. Sem interação, a valiosa comunicação praticamente não ocorrerá.
A qualidade de interação que você tem influenciará sua comunicação. Normalmente, isso não requer muita atenção consciente. Você sabe quando está interagindo bem; sente-se à vontade em companhia da outra pessoa, a conversa flui e o silêncio de ambos é confortável. O que ocorre é como uma dança: quando um se move, o outro acompanha. É impossível dizer quem está conduzindo e quem está seguindo quando naturalmente se busca a semelhança com o outro. A conversa flui facilmente já que você compreende o significado e a intenção do que a outra pessoa diz. Você aprecia cada sentimento do outro. Não significa necessariamente que concorda com tudo que a outra pessoa está dizendo, mas a compreende.
A interação é um dos elementos mais importantes para uma comunicação eficaz. Com interação, os outros se sentirão à vontade em sua companhia – optarão por estar com você porque será uma experiência satisfatória. Construindo interação, você estará construindo confiança e compreensão.
Pratique e interaja, mesmo que seja com o professor em aulas particulares online, qualquer ação sua lhe levará a um aprendizado e procure administrar seu desconforto ao falar em público. Conte comigo!
Raimundo

